ASSOCIAÇÃO CASAPIANA DE SOLIDARIEDADE
Newsletter nº7 - Dezembro 2022
Editorial
“Trabalhamos bem quando nos sentimos felizes ou por outro
lado sentimo-nos felizes quando trabalhamos bem?”
Saúde psicológica e contexto laboral
Pensar em Saúde Psicológica, implica necessariamente pensar em saúde no seu sentido mais lato, pois ela é parte integrante da saúde dos indivíduos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Saúde Psicológica como um estado de bem-estar que permite às pessoas realizarem as suas capacidades e potencial, lidar com o stresse normal do dia-a-dia, trabalhar produtivamente e contribuir ativamente para a sua comunidade. Ora, este estado relaciona-se então com a forma como gerimos o nosso quotidiano nos diferentes contextos, seja a nossa família, o grupo associativo a que pertencemos e o nosso local de trabalho.
O contexto laboral é hoje um dos ambientes em que passamos uma grande parte do nosso tempo, durante uma grande parte da nossa vida. É do trabalho que a maioria de nós obtém a sua fonte de rendimento. Mas a nossa presença no local de trabalho não se esgota na relação financeira. O local de trabalho é também um local de relações, de satisfação de objetivos pessoais e de necessidades de realização pessoal, que pode envolver também conflitualidade, pressão, ansiedade e ser uma fonte de stress.
Assim, tal como nos outros contextos da nossa vida a saúde psicológica no contexto laboral tem uma implicação direta no nosso bem-estar, mas também no bem-estar dos que nos rodeiam e na própria produtividade. A saúde psicológica implica a forma como pensamos, como avaliamos as situações, como nos relacionamos e como tomamos decisões. Quando estamos saudáveis sentimo-nos confiantes e capazes de lidar com os desafios.
Muitas instituições/serviços públicos/empresas, reconhecem atualmente que dependem de trabalhadores que sejam motivados, criativos, que se envolvam e se entusiasmem com o trabalho, pelo que assistimos cada vez mais a uma crescente preocupação dos empregadores com o desenvolvimento de locais de trabalho saudáveis, em que o bem-estar dos trabalhadores assume um papel bastante relevante.
Ainda recentemente tive o privilégio de assistir à festa de natal dos trabalhadores da ACS onde vivenciei uma relação de grande consideração, respeito e fraternidade entre corpos dirigentes e trabalhadores.
Sintetizando, somos mais felizes quando nos sentimos bem nosso local de trabalho e trabalhamos melhor, quando nos sentimos felizes. Ambas as premissas são verdadeiras e relacionam-se entre si e com todos os outros contextos em que vivemos.
E ao contrário do que muitas vezes tendemos a concluir, não é só o rendimento mensal que contribui para o bem-estar no local de trabalho, mas sim uma série de outros fatores que vão desde as condições de trabalho, passando pela valorização e reconhecimento, a conciliação da vida pessoal e laboral, o envolvimento nas tomadas de decisão, a adequação das funções às potencialidades de cada indivíduo, entre muitas outras ações, que devem estar sempre associadas às características de cada ambiente de trabalho.
Tendemos também a colocar a responsabilidade da criação de um local de trabalho saudável nos líderes, dirigentes, gestores ou afins. Contudo, embora estes sejam elementos chave e fortes impulsionadores, não são os únicos com responsabilidade no bem-estar e na saúde psicológica dos trabalhadores.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde um Local de Trabalho Saudável é aquele em que todos os membros da organização (empregadores, gestores e trabalhadores) cooperam com vista ao melhoramento contínuo dos processos de proteção e promoção da saúde, da segurança e do bem-estar.
Enfim…cabe também a cada um de nós enquanto trabalhador e elemento integrante de um determinado contexto desempenhar o nosso papel, cuidando da nossa própria saúde psicológica e contribuindo para a construção de um local de trabalho seguro e saudável.
Cristina Fangueiro
CUIDAR DE SI PARA CUIDAR DO OUTRO: UM DESAFIO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Os profissionais de saúde lidam todos os dias com a vida e com a morte, com a alegria e com a tristeza, com a satisfação e com o sofrimento das pessoas, com a necessidade de tomar decisões difíceis, com dilemas éticos… enfim, todos os dias lidam com a vivência de pessoas em momentos felizes das suas vidas, como o nascimento de um filho, mas também com a vivência de pessoas em sofrimento e/ou em situação-limite.
Não esqueçamos que estes profissionais de saúde também são pessoas, também têm as suas próprias vivências, também sentem, riem, choram, revoltam-se, angustiam-se… e também experimentam a satisfação por compaixão, o que potencia a sua realização pessoal e profissional (Stamm, 2010). Não esqueçamos que naturalmente o sofrimento das pessoas também perturba os profissionais de saúde, sujeitando-os a situações muito stressantes, requerendo uma capacidade de adaptação através de mecanismos de coping (Lazarus & Folkman, 1984). Se os recursos do profissional para lidar com o stress não forem suficientes, este pode desenvolver um processo de burnout e de fadiga por compaixão.
Embora na literatura seja controversa a relação entre burnout e fadiga por compaixão, consideramos o burnout conforme Stamm (2010) o define como uma das dimensões da fadiga por compaixão, correspondendo à exaustão emocional e sentimentos de desespero do profissional de saúde face à necessidade de lidar com as dificuldades das pessoas que acompanha, ao excesso de trabalho e à falta de apoio da instituição onde trabalha. São sintomas de burnout a sensação de exaustão e de pouca valorização, a desmotivação, o isolamento, a menor eficiência no trabalho, a menor confiança na sua capacidade, a baixa autoestima, entre outros (Martins, 2017).
Fadiga por compaixão é o processo pelo qual um profissional de saúde, que está em contacto com a dor e sofrimento das pessoas que acompanha, se torna exausto física e mentalmente devido ao stress constante provocado pela compaixão (Figley, 1995). Neste caso, os sintomas do profissional podem ser burnout, apatia, rigidez de pensamento, perda de esperança e de significado, ansiedade, insónias, irritabilidade, dificuldades em concentrar-se, desmotivação, tristeza, incapacidade de ajudar o outro, culpa, raiva, medo, alterações de apetite, tonturas, dor, entre outros (Amaro, 2016; Portnoy, 2011).
Embora existam fatores de risco para a síndrome do burnout que o profissional não pode modificar, como é o caso da idade mais jovem (Martins, 2017), e fatores que dependem da organização onde o profissional trabalha, existem outros fatores individuais e comportamentais de cada profissional, que este pode alterar ou promover a sua modificação de forma a lidar com o stress e a prevenir o burnout. Listo abaixo algumas estratégias na prevenção da síndrome de burnout apontadas pela literatura, que podem ser utilizadas pelo profissional de saúde:
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Solicitar melhoria das condições de trabalho;
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Promover um bom ambiente no trabalho;
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Reconhecer o desempenho de cada profissional;
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Comunicar adequadamente com os outros profissionais;
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Promover a resolução dos conflitos;
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Desenvolver o humor e o otimismo;
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Participar com autonomia e responsabilidade nos cuidados prestados;
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Manter pensamentos positivos e relaxantes;
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Estar atento aos efeitos do stress em si próprio e solicitar apoio, se necessário.
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Praticar exercício físico;
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Praticar meditação;
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Fazer massagem ou práticas relaxantes;
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Manter uma alimentação saudável;
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Manter um sono adequado em qualidade e quantidade;
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Manter práticas espirituais (ex: práticas religiosas);
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Desenvolver a sensibilidade humanística;
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Ouvir música;
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Escrever;
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Manter hobbies e momentos de lazer;
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Investir nas amizades, na família e nos afetos;
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Manter as suas redes de socialização;
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Realizar outras estratégias identificadas pelo profissional que o ajude a reduzir o stress.
(adaptado de Martins, 2017)
Para se manter saudável e cuidar adequadamente dos outros, o profissional de saúde tem primeiro de cuidar de si permanentemente. Este é um grande desafio a ser ganho!
Patrícia Vinheiras Alves
Referências Bibliográficas:
Amaro, A. (2016). Burnout e fadiga por compaixão em psicólogos clínicos portugueses. (Tese de Mestrado Integrado). Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.
Figley, C. R. (1995). Compassion fatigue as secondary traumatic stress disorder: An overview. In C. R. Figley (Ed.). Compassion fatigue: Coping with secondary traumatic stress disorder in those who treat the traumatized (pp. 1–20). Brunner/Mazel.
Lazarus, R. & Folkman, S. (1984). Stress, Appraisal and Coping. Springer Publishing Company.
Martins, C. (2017). Síndrome de Burnout nos Profissionais de Saúde: Causas, Consequências, Prevenção e Tratamento. (Tese de Mestrado Integrado). Universidade da Beira Interior.
Portnoy, D. (2011). Burnout and Compassion Fatigue: Watch for the Signs. Health Progress, 92 (4), 46-50.
Quem cuida dos cuidadores?
Amar é um cuidar que se ganha em se perder.
Camões
A recente estratégia europeia para os cuidados veio acender o foco sobre os cuidadores, formais e informais, que asseguram a efetivação do Pilar 19 dos Direitos Sociais – os cuidados de longa duração.
É incontestável a incapacidade das estruturas públicas em assegurar estes serviços, na sua totalidade e de forma personalizada, face ao número crescente de pessoas mais velhas em situação de dependência e de pessoas com capacidade diminuída.
O envolvimento da economia social e dos familiares impõe o reconhecimento dos cuidadores, quer sejam profissionais das estruturas da sociedade civil, quer sejam os membros da rede informal de apoio.
A capacitação, a remuneração e a criação de redes de apoio a estes atores sociais, são fatores críticos de sucesso para uma sociedade do cuidado, equitativa, humanizada e respeitadora dos direitos e das escolhas das pessoas cuidadas.
Mas para que esse processo de valorização seja uma realidade é preciso, no caso dos cuidadores formais, assegurar uma retribuição justa e atrativa, apostar na diferenciação por mérito, investir na capacitação e no desenvolvimento da carreira.
A prestação de cuidados de qualidade depende de uma relação de qualidade, da capacidade de fidelização dos recursos humanos e é incompatível com o recrutamento dos menos qualificados.
Também no que respeita aos cuidadores informais, não basta legislar e criar um estatuto ou atribuir um subsídio desajustado. É preciso apoiar o quotidiano, dar alicrces técnicos e psicológicos, assegurar a ligação com a comunidade e, sobretudo otimizar o apoio familiar e a dignidade dos intervenientes.
Ser cuidador em Portugal não é, ainda, sedutor, gratificante ou suficientemente visível para ser uma opção que atrai os melhores. É, sobretudo um acidente que apanha desprevenidos os familiares ou um trabalho que não nos torna felizes.
Prestar cuidados sem apoio, sem perspetiva de crescimento, sem compensação financeira ou emocional gera infelicidade, promove doença mental, é um ácido nas relações laborais ou familiares e anula todo o prazer que poderia emergir de uma relação empática de afeto.
As preocupações do Parlamento Europeu sobre a importância de adubar estes laços e de prevenir o burn out e a deserção dos familiares do cumprimento dos deveres de assistência e de auxilio devem ser levadas a sério e traduzidas em medidas de política nacional e em iniciativas das Instituições, das autarquias e das estruturas representativas de cuidadores.
É assim que temos que atuar.
Em colaboração, numa intervenção centrada na pessoa cuidada e nos seus interesses, criando a partir das comunidades, plataformas de entendimento e partilha de recursos e de responsabilidades. Só assim podemos cuidar dos cuidadores e garantir-lhes o lugar prestigiado nas sociedades cuidadoras do futuro.
Paula Guimarães
Processo do Sono e Hábitos de Sono
O Processo do Sono
Segundo Lavie (1998), foi apenas na segunda metade do século XX, que o sono deixou de ser um fenómeno de interesse para poetas e filósofos e se tornou num campo de rigorosa investigação científica. Nas últimas décadas, os avanços notáveis na neurofisiologia do sono e na biologia circadiana levaram à descoberta de genes que regulam os ritmos biológicos e que fornecem uma estrutura científica para elucidar a etiologia, a gênese e o potencial tratamento das perturbações do sono (Institute of Medicine, 2006).
Os seres humanos passam grande parte da vida a dormir, apesar de ser um componente tão importante da vida humana, ainda há muito mistério em torno da relação entre o cérebro e o processo do sono (Eugene & Masiak, 2015). O sono é uma necessidade básica (Lavie, 1998), é um comportamento ativo, ajustável e repetitivo que influencia várias funções e processos no corpo (Curcio, Ferrara & De Gennaro, 2006).
Hábitos de Sono
De acordo com Sono Saudável | MedlinePlus. Medlineplus.gov (2021), a quantidade de sono que um ser humano necessita, depende de vários fatores, que incluem, a idade, o estilo de vida, a saúde e a rotina de trabalho. As recomendações gerais de sono, segundo Sono Saudável | MedlinePlus. Medlineplus.gov (2021), dependendo da pessoa são: Recém- nascidos 16-18 horas por dia; Crianças pré-escolares 11-12 horas por dia; Crianças em idade escolar pelo menos 10 horas por dia; Adolescentes: 9-10 horas por dia e Adultos (incluindo idosos) 7-8 horas por dia. E não é apenas o número de horas de sono que importa, a qualidade do sono também é relevante. Pessoas cujo sono é frequentemente interrompido ou encurtado podem não descansar e não ter um período de sono de qualidade.
Não dormir o suficiente pode ter um impacto negativo na vida do ser humano (Watson et al., 2015, cit. por Newsom, 2021) e pode prejudicar o seu desempenho no trabalho, na escola e também influenciar negativamente as tarefas básicas do dia-a-dia, como por exemplo, conduzir (Newsom, 2021). Dormir menos do que o recomendado pode acarretar outro tipo de consequências, como por exemplo, aumentar o risco de doença cardíaca coronária, hipertensão e diabetes (Newsom, 2021).
As dificuldades em ter uma boa noite de sono estão relacionadas com consequências físicas e emocionais. Os problemas de sono podem contribuir ou exacerbar as condições de saúde mental existentes e podem também constituir um sintoma resultante de outras perturbações de saúde mental (Torres, 2020).
Carolina Canário, estagiária psicóloga
Referências Bibliográficas:
Curcio, G., Ferrara, M., & De Gennaro, L. (2006). Sleep loss, learning capacity and academic performance. Sleep medicine reviews, 10(5), 323–337. https://doi.org/10.1016/j.smrv.2005.11.001.
Eugene, A. R., & Masiak, J. (2015). The Neuroprotective Aspects of Sleep. MEDtube science, 3(1), 35–40.
Healthy Sleep | MedlinePlus. Medlineplus.gov. (2021). Retrieved 30 December 2021, from https://medlineplus.gov/healthysleep.html#.
Institute of Medicine (2006). Sleep Disorders and Sleep Deprivation: An Unmet Public Health Problem. Washington, DC: The National Academies Press. https://doi.org/10.17226/11617.
Lavie, P., 1998. O Mundo Encantado do Sono. 1st ed. Lisboa: Climepsi Editores.
Newsom, R. (2021). Sleep Debt: Can You Catch up on Sleep? | Sleep Foundation. Sleepfoundation.org. Retrieved 30 December 2021, from https://www.sleepfoundation.org/how-sleep-works/sleep-debt-and-catch-up-sleep.
Torres, F. (2020). What Are Sleep Disorders?. Psychiatry.org. Retrieved 30 December 2021, from https://www.psychiatry.org/patients-families/sleep-disorders/what-are-sleep- disorders.
Respostas Sociais em Portugal para o Envelhecimento
No âmbito da intervenção junto de pessoas idosas, as respostas sociais surgem com o intuito de assegurar a prevenção e reparação das situações de carência e dependência, assegurando especial proteção aos grupos mais vulneráveis, designadamente das pessoas idosas em situação de dependência ou de carência económica ou social e podem ser desenvolvidas pelo Estado, pelas autarquias e por instituições privadas sem fins lucrativos (DGSS, 2022, p.10).
Posto isto, atendendo às necessidades e ao grau de autonomia das pessoas idosas, existe em Portugal sete tipos de respostas de apoio social e programas, que pretendem promover a autonomia, a saúde e a integração social dos idosos (Segurança Social, 2021):
Serviço de Apoio Domiciliário (SAD): Resposta social que consiste na prestação de cuidados e serviços a famílias e ou pessoas que se encontrem no seu domicílio, em situação de dependência física e ou psíquica e que não possam assegurar, temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e ou a realização das atividades instrumentais da vida diária, nem disponham de apoio familiar para o efeito.
Centro de Convívio: Resposta social de apoio a atividades sociais, recreativas e culturais, organizadas e dinamizadas com participação ativa das pessoas idosas, residentes numa determinada comunidade.
Centro de Dia: Resposta social que presta um conjunto de serviços que contribuem para a manutenção no seu meio social e familiar, das pessoas com 65 e mais anos, que precisem dos serviços prestados pelo Centro de Dia.
Centro de Noite: Resposta social que funciona em equipamento de acolhimento noturno, dirigido a pessoas idosas com autonomia que, durante o dia permaneçam no seu domicílio e que por vivenciarem situações de solidão, isolamento e insegurança, necessitam de acompanhamento durante a noite.
Acolhimento Familiar: Resposta social que consiste em integrar, temporária ou permanentemente, pessoas idosas em famílias capazes de lhes proporcionar um ambiente estável e seguro.
Estruturas Residenciais: Resposta social destinada a alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, para idosos.
Centro de Férias e Lazer: Resposta social destinada a todas as faixas etárias da população e à família na sua globalidade para satisfação de necessidades de lazer e de quebra da rotina, essencial ao equilíbrio físico, psicológico e social dos seus utilizadores.
Fonte: Segurança Social, 2021, 1-5.
De modo geral, todas estas respostas sociais visam proporcionar serviços que se adequem às necessidades e expetativas das pessoas idosas. Desta maneira, com o propósito de promover a integração social e prevenir a solidão e o isolamento, recorrem ao incentivo à participação e inclusão dos idosos na vida social, bem como à fomentação das relações intrafamiliares e intergeracionais (Segurança Social, 2021).
Um dos principais objetivos destas respostas sociais, à exceção das Estruturas Residenciais, passa por contribuir para a permanência da pessoa idosa no seu meio habitual de vida, retardando ou evitando ao máximo o internamento em instituições. Pretendem ainda prevenir situações de dependência, promovendo nesse sentido estratégias de desenvolvimento da autonomia, da funcionalidade e da independência pessoal e social do idoso (Segurança Social, 2021).
A institucionalização
A resposta institucional dirigida ao idoso, surge socialmente com uma função importante de cuidadora, num contexto em que houve um aumento da esperança de vida, e por consequência um aumento da perda de capacidades físicas ou cognitivas por parte dos idosos (Mouro, 2013).
Neste sentido, a “política institucionalizadora continua a investir na institucionalização do idoso como meio de resolver os problemas da família do idoso, do seu isolamento e do ostracismo a que o idoso possa estar social ou familiarmente sujeito” (Mouro, 2013, p.23).
Contudo, a institucionalização da pessoa idosa, ainda é vista na sociedade, como uma rutura com a vida social do idoso, visto que se carateriza por ser uma mudança no modo e estilo de vida deste, muitas vezes radical. Deste modo, por ter de enfrentar uma realidade completamente nova, a institucionalização não se constitui como a resposta social principal, procurada pela pessoa idosa, e pela sua família (Ribeirinho, 2005).
Neste sentido, é necessário romper com estre preconceito existente, com a entrada do idoso para uma instituição, uma vez que por ser uma resposta contínua, constitui-se para este, como um meio de segurança e proteção, e ao mesmo tempo apresenta-se como uma resposta às necessidades totais destes. Além destes fatores, a institucionalização apresenta-se ainda como um meio de prevenir o isolamento, e consequentemente, combater a solidão (Mouro, 2013; Ribeirinho, 2005).
Catarina Freitas, estagiária Serviço Social
Referências:
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DGSS (2022). Proteção Social – Pessoas Idosas. Direção-Geral da Segurança Social. Disponível em https://www.seg-social.pt/dgss-direccao-geral-da-seguranca-social
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Mouro, L. (2013). Envelhecimento, Políticas de Intervenção e Serviço Social. In Maria Irene Carvalho (Coord.), Serviço Social no Envelhecimento. Lisboa: Pactor. pp. 17-34.
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Ribeirinho, C. (2013). Serviço Social Gerontológico: Contextos e Práticas Profissionais. In Maria Irene Carvalho (Coord.), Serviço Social no Envelhecimento. Lisboa: Pactor. PP. 177-200
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Segurança Social (2021). “Apoios sociais e programas. Idosos”. Acedido a 27 de abril de 2022, https://www.seg-social.pt/idosos#
Oportunidades 2023
Bom Ano Novo,
Nós cá na Associação temos uma mochila cheia de 2020, 2021 e 2022, com ameaças, à nossa saúde operacional e financeira, concretizadas e que deixaram mossa. Os nossos residentes sofreram na saúde, na liberdade, na falta do jardim prometido e na falta dos seus mais queridos.
As pessoas da ACS, trabalhadores dedicados, dirigentes e órgãos sociais, aprenderam a materializar o significado de resistente, resiliente, dor, compaixão, amor pelo próximo e solidariedade, também, a gratidão e a entre-ajuda.
As pombas foram libertadas em homenagem aos que nos “levaram”, as lágrimas não foram em vão, tal como, não foram os esforços, o suor e as noites sem sono para cuidar dos Nossos. Tamanha a gratidão que temos para com as famílias dos trabalhadores que durante muito tempo ficaram “lá” a cuidar e a manter a salvo os Nossos utentes e residentes.
Ficámos abalados financeiramente com o aumento de gastos e perda de receitas, somos uma associação sem fins lucrativos, mas, infelizmente não imune aos prejuízos.
E depois veio a guerra e a inflação.
Na nossa luta contra os infortúnios relativos aos custos energéticos, passámos ao contra-ataque, instalamos 150 painéis fotovoltaicos, duas sondas/bombas de calor, substituímos o sistema de aquecimento de águas, canalizações e depósitos da central de aquecimento. Nunca será suficiente mas foram decisões caras e soluções preventivas acertadas.
Para afrontar o futuro temos de estar alerta com o que se passa à nossa volta e que nos chamam a terreiro: - a população está cada vez mais envelhecida; - cada dia mais pessoas perdem mobilidade e autonomia; - o flagelo das doenças de foro mental e cognitivas, as demências, afetam velhos e novos; - cada dia gente mais nova sofre acidentes cerebrais e cardiovasculares, depressões e esgotamentos. Num quadro de dificuldades temos a oportunidade de trabalhar para ajudar as pessoas que de nós precisam.
Cabe-nos preparar a nossa estrutura, colaborar com a rede de apoio existente e dar resposta às necessidades com humildade e a razoabilidade das nossas capacidades.
Ser Solidário é estar preparado e disponível para o que nunca esperamos e afete a Felicidade de outros.
Presidente da ACS
Luís Filipe Figueiredo